Exposições

Uma breve entrada no mundo de Knoll


É uma questão de luz. Envolvente, discreta e recortada de forma teatral. 
E de cor, toda definidora, vestindo os atores e trazendo-os para o primeiro plano.
Os retratos apresentados nesta exposição marcam sua presença por meio de tipos e tradições — alguns com a elegância clássica de Ingres, outros como heróis modernos do ringue. 
Como breve introdução ao trabalho de Fábio Knoll, as fotografias escolhidas poderiam ter se concentrado em sua obra sobre os cortiços — lares assombrados dos sem-teto, tornados acolhedores por fragmentos de memórias reunidas: arte de rua trazida para dentro em uma decoração decadente.
À beira da implosão, emoldurados de maneira cênica, atestam vidas que já não são, suas presenças estranhas e silenciosas preservadas com valor inestimável. Uma cortina azul soprada pelo vento; um cômodo agora sem vida, samambaias forçando
caminho pelo chão de concreto: os destroços da destruição.
Cenas encenadas por Knoll, adereços em um palco brasileiro. Antes da fotografia, Knoll estudou geografia, vendo nesse campo uma abertura para o interior, rumo à geologia, e uma projeção para o exterior, em direção à astronomia.
Impressões de mundos presentes em sua vida cotidiana, leis da natureza orientando sua busca por compreender os porquês e os sentidos da existência. 
Fascinado pelo cinema, Knoll deixa sua marca — lenta, mas seguramente — no mundo da sétima arte. Intensamente envolvido com a estética, Knoll fotógrafo é também diretor de fotografia, capturando — por meio da destreza técnica e da clareza de visão — a importância dos detalhes, desacelerando a mente e permitindo que o pensamento seja permeado de sentimento. Não apenas acompanhei seu trabalho — em imagens estáticas e em movimento — nos últimos quatro anos, como Fábio Knoll me acompanhou por muitas partes deste país, gravando em filme aquilo que fotografei há mais de cinquenta anos, reavivando a memória de lugares, pessoas e a passagem do tempo. Aprecio seu envolvimento e valorizo sua presença. Ela faz a diferença. 

MADE IN TAIWAN

Cortiços Paulistanos - Estação Julio Prestes SP

Com curadoria de renome, Maureen Bisilliat, esta mostra apresenta uma visão única da arquitetura e da vida nos cortiços da cidade, através de imagens impactantes. Uma oportunidade imperdível de explorar uma parte essencial da história e da cultura de São Paulo.

Nesta exposição, foi possível explorar a arquitetura e o cotidiano dos cortiços de São Paulo na emocionante exposição fotográfica "Redesenhando Espaços de (Sobre)vivência", realizada na Estação Júlio Prestes da CPTM. Com curadoria da renomada fotógrafa Maureen Bisilliat, a mostra apresentou 36 imagens impactantes que revelam a realidade das habitações coletivas nos bairros da Mooca e da Sé.
O fotógrafo Fabio Knoll, geógrafo e artista por trás do ensaio, compartilhou suas observações de campo, destacando o desafio diário de sobrevivência enfrentado por muitas famílias.

A exposição, que ocorreu de forma única até 31 de agosto de 2010, ofereceu aos visitantes uma visão profunda e sensível desses espaços, capturada por meio de fotografias inéditas e material exclusivo retirado do livro "Cortiços - A Experiência de São Paulo", produzido pela Secretaria Municipal de Habitação.

Além de documentar a realidade dos cortiços, a publicação também abordou a legislação vigente para habitações coletivas e os resultados do Programa de Cortiços da Prefeitura de São Paulo, implementado em parceria com a Companhia Habitacional e de Desenvolvimento Urbano (CDHU) desde 2005. Esta exposição foi uma oportunidade única de reflexão sobre as condições de moradia na cidade e as iniciativas para melhorar a qualidade de vida dos moradores.

Olhares sobre o Cortiço Sesc Interlagos - São Paulo

Em 2010 Fabio Knoll retrata CORTIÇOS, espaços habitacionais de sobrevivência, no centro da cidade de São Paulo. Lugares vivos, pois vividos, atestam permanências pelo acúmulo ou ausência de artefatos, criando ao acaso uma decoração.

Em 2010, Fabio Knoll registra os últimos dias do EDIFÍCIO SÃO VITO, prédio residencial de 27 andares, construído em 1959 na Avenida do Estado na Baixada do Glicério. Mais conhecido como Treme-Treme, visto como uma solução para o problema da moradia popular, com seus mais de 3 mil moradores, chegou a ser considerada a maior concentração populacional da cidade. No entanto este prédio, levantado com a finalidade de abrigar atividades humanas as mais diversas, devido a dívidas e atrasos de pagamentos de contas (IPTU, água. Luz etc.) entra inexoravelmente em processo de degradação.

O EDIFÍCIO SÃO VITO, apelidado pelo povo de Balança mas não Cai, fica totalmente desocupado em junho de 2004; De 2010 a 2011 é realizada sua demolição. Assim, nos últimos dias de sua existência, Fabio Knoll percorre os espaços esvaziados deste cortiço vertical, traçando com grandes recortes quadros de severa abstração. O resultado deste trabalho provoca perturbações de apreciação perversa pela proporção dourada – lei áurea da devastação.

Maureen Bisilliat
28 de novembro de 2011

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